quinta-feira, 30 de agosto de 2007

GELATINA: ARGH!

Eu era pequeno e inventei de desobedecer as recomendações expressas de meu pai: "não belisque a gelatina" - continuei beliscando às escondidas... Fui advertido duas ou três vezes, menosprezei a punição anunciada e pronto: quando fui pego em flagrante delito, não tive argumentos para escapar e fui punido. Eu gostava tanto de gelatina? Pois bem, então agora teria de comer um prato inteiro, justamemente o que eu estava beliscando fortuitamente! A princípio pensei; "mas isso não é castigo, é um presente"... Mas foi sim o castigo, preciso e inesquecível castigo! Muitas vezes temos de levar o tombo para aprender. Comigo e a gelatina foi assim... Fui comendo os primeiros pratos com prazer e desdenhando da punição imposta pelo meu pai, mas... a gelatina foi parecendo ter mudado de gosto, foi ficando amarga, transformando-se de bela sobremesa em um monstro vermelho, com a cor do inferno, com a cor do fogo que queima e corrói tudo. Meu estômago foi sendo tomado por aquele "fogo", foi sendo "corroido" e em poucos minutos, o que era bom virou tormento acompanhado de repetidas ânsias de vômito! Mas nada disso adiantou e tive de comer o prato inteiro, seguido de um enjôo que me levou à cama, sob protestos de minha mãe que não concordou com a punição enérgica que me foi dada. Foi um tormento tão forte, que ainda hoje, passados tantos anos, não posso nem sequer olhar para gelatinas, muito menos prová-las! Mas embora sendo um gurizote irresponsável e imaturo, a lição foi muito bem absorvida e compreendi que agir errado, fortuitamente, acaba não dando certo. No fundo, no fundo, entendi a lição e compreendi que havia agido errado, havia desdenhado das punições anunciadas e tinha de ser punido. E no meu caso, jamais quiz voltar a fazê-lo pois não sou louco nem nada de ter de voltar a comer "outras gelatinas" ainda mais enjoativas que aquela de minha infância! Não odeio gelatinas, apenas as quero distantes de minha boca e, se possível, de minha visão! Tenho contado esta história como exemplo de que um bom castigo pode ser providencial, sim - embora no meu caso, este tenha sido bem enérgico e extremamente amargo... Lembro estes fatos, porque atualmente parece que não existem mais castigos para os jovens. A permissividade na educação de hoje é uma praga que se alastra e corrói nossos costumes. Ainda volto a falar disso.
(Texto publicado no Jornal de Rio Pardo, edição de 31/08/2007)

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